TIC TAC TIC TAC TIC TAC TIC TAC TIC TAC CUCO CUCO CUCOOOO CUCOOO CUCOOO
- Esqueci mas lembrei de outra coisa. Cadê aquela loira ex-aeromoça da sua equipe? Precisamos acertar uns detalhes da contração pública em nossa estatal de transportes.
- Opa! Ela já é concursada do Governo do Estado. Não pode acumular dois cargos não! Terá que abrir mão de um ou abrir alguma coisa para alguém.
- Ai Sargentinho lindo – fala a ex-aeromoça - Queria tanto trabalhar na NASA e agora que surge uma oportunidade única o senhor vem colocar areia no meu caminhãozinho. O que posso fazer para o senhor me exonerar? Faltar ao serviço? Relaxar? Xingar? O que?
- Opa! Começamos a entrar num acordo. Faltar nem precisa, pois está para nascer o dia que um funcionário público será exonerado por falta minha querida. Relaxar também não precisa pois todos fazem. Xingar não! Ai é ofensa e fico muito puto.
- Faça uma prova de MARTEMÁTICA – observa Darwin – Aqui resolvemos tudo com números...
- Boa idéia! Mas terá que ser exame prático através do método Braille – observa o Sargento – Quero ser um grande ábaco e sentir a rapidez que ela tem ao mexer com as bolinhas.
- Prova prática – observa a loira – Não pode ser uma prova oral? Adoro oral! Para meus professores de colégio eu sempre tive a resposta as suas perguntas na ponta da língua.
- Então vai. Um mais um – questiona o Sargento...
- Hummmm deixa eu ver. Uma bolinha aqui, mais uma bolinha ali... Que difícil Sargento! Hummmm, deixa eu pensar... Vou colocar o lápis na boca para pensar melhor. Uma mais uma bolinha... Mas esse palito no meio está atrapalhando a soma... Calma que estou quase lá... Que difícil Sargento! Se eu soubesse que ia perguntar Calculo Diferencial e Integral, Geometria Analítica ou um mais um eu teria optado pela prova dos nove...
- Eu também minha ex-aeromoça quase exonerada. Mas continue fazendo conta com as bolinhas. Não tenha pressssssssaaa
- Posso chutar Sargento?
- Pode chutar, fazer o que você quiserrrrrrrrrrrrrrr
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- Tá bom demais... Zozamãe Aiaiaiai Zoza deixa que eu ajudo... Aiaiaiai Meu São Gerônimo chega chega chega... Zozoapai misericordioso... Aiaiaia ai Madre Tereza ...
- OH SARGENTO!
- Zozazoza zoza não tenha pressa...
- OH SARGENTO! SARRRGEEENTTTOOOO!
- Pode chuptar a vontade...
- SARRRGEEENNNNTOOOOO!
- Chutar o saco não..... AIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
- ACORDA SARGENTO!
- Que qui éééééééé Zozazoza aiiaiaiaiaia. Chupta! AIIIIIII.
- Acorda Sargento! Acorda!
- AIIIIIIIIIIIIIIII meu saco! AIAIAIAI meu saco.
- Oh Sargento, abre os olhos...
- Que qui éééééééé. Que qui éééééééé. Cadê a loira?
- Que loira? Sou eu Sargento. Seu Tenente.
- Você o que seu depravado. Cadê a ex-aeromoça loira?
- Acorda Sargento. Tá delirando. Isso é um pesadelo. Acorda!
- Que pesadelo o cacete! Ela disse que ia chupar...
- Era um pesadelo. O senhor estava delirando.
- Mas que cara chato. Eu estava numa transa sexual com nossa ex-aeromoça. Precisava me acordar justo agora! E o que está fazendo com a mão no meu saco? Solta meu saco Tenente!
- Mas não temos aeromoça. Só tem macho nessa MERDA! E quanto a minha mão no seu saco...
- Eu sei, eu sei. Não me diga. Puxando meu saco!
- O senhor estava repetindo sozinho “saco, saco, saco”. Pensei que tivesse entrado algum bicho. Só vim verificar.
- Mas também falei chupa. Escutou isso? Afinal onde estou?
- Escutei, mas isso eu não arrisquei. Não sabia se estava limpinho. O Senhor caiu na hora que saímos do barco para entrar na soja. Não sei se tropeçou em algo ou desmaiou depois do almoço de feijoada. Ainda mais porque o senhor leu aquele livro de barriga cheia. Eu falei que não ia dar certo debaixo de 37ºC...
- Ainda estou com a loira na cabeça e sua mão no meu saco...
- Ops, desculpe Sargento.
- Que livro? Ah! Os Grandes Personagens...
- Da História – completa o Tenente – Já li esse livro no ginásio para fazer trabalhos escolares. É muito interessante. Só perde um pouco para a Conhecer que é mais diversificada. Mas gosto bem mais da Barsa, apesar de meu pai nunca ter comprado e sempre colocado para correr os vendedores que batiam na nossa porta.
- Então está explicado o Inferno de Dante. Mas aquela loira era muito linda Tenente. Toda durinha, maravilhosa. Peitinhos turbinadinhos e uma bundinha deliciosa. E bilíngüe! Uhhhhhhhh!
- Era parecida com a última vítima do serial Killer? Lembra que o senhor também a achou uma gatinha nua?
- Larga de ser necrófilo, Tenente. Somente observei na ocasião que aquilo se tratava de uma mulher. Se não está lembrado, o fato dela estar sem cabeça impediu que o Senhor identificasse o sexo da vítima. Somente observei os contornos que a coitada possuía. Deixa para lá. Vamos entrar na soja e ver se algo faz sentido.
Uma plantação de soja é uma coisa chata. Não é como estar adentrando uma floresta tropical, com cipós, gorjeios de pássaros desconhecidos, um ou outro urro de algum terrível felino assassino. Não. O máximo que se ouvia na plantação de soja eram grilinhos. cri cri cri.
- O QUE FOI ISSO?
- Isso o quê, tenente?
- Esse barulho, cabo!
- Que barulho?
- Não tá ouvindo não? Presta atenção...
- Hum, só tô ouvindo um cri cri cri e...
- Isso! O que é isso?
- O cri cri cri?
- É, o cri cri cri!
- É um grilinho, oras.
- Um grilinho?
- É, nunca ouviu falar em grilos não?
- Já, já... mas, e o que os grilos fazem?
- O senhor está gozando da minha cara, tenente?
- É claro que não estou!
- E eu sei lá o que os grilos fazem... Acho que eles só fazem mesmo cri cri cri.
- E o que eles comem?
- Hum, bem, se tem grilo aqui, eles devem comer soja.
- Só soja?
- Tenente, por que diabos o senhor está tão interessado em grilos?
- Bem, dá uma olhadinha para trás...
Atrás deles, havia uma espécie de morro verde, destoando da plantação. Os pés de soja batiam mais ou menos na cintura de um homem, mas o morro tinha três ou quatro metros de altura. E se mexia. E fazia cri cri cri.
- Mas o que diabos...
- Sargento! Olha isso aqui!
- Meu deus do céu!
A essa altura, o morrinho verde já tinha seis metros. E aumentava de perímetro também. O cri cri cri começou a ficar cada vez mais alto. E eles começaram a ouvir uma espécie de zumbido também.
- Grilos!
- Hã?
- Grilos, tenente, são milhares de grilos!
- Eu ouvi sargento, eu só estava chamando a...
- Sargento, a coisa está crescendo!
- Escuta aqui, sargento, tem certeza que grilo só come soja?
- Eu, hum... Sei lá, depois daquela porcaria de sonho que eu tive, eu não sei mais nada...
- Bem, eu não sei de vocês, mas eu é que não vou ficar aqui pra conferir - disse o tenente, agarrando a Hã e disparando pelo meio da plantação. O sargento sacou a sua arma. Um ou outro figurante saiu correndo também. O sargento deu um tiro no morro, mas não aconteceu nada, além do CRI CRI CRI aumentar de volume. Aliás, parece que todo o morrinho verde aumentou. O morrinho estava... estava...
- Flutuando!
- Que porcaria é essa?
- Os grilos! Estão voando pra cima da gente!
A MERDA se espalhou pelo meio da plantação, o que parece ter deixado os grilos mutantes meio confusos. Mas enfim, como se eles possuíssem uma única consciência, se atiraram em cima de um dos figurantes que afinal estava ali pra isso mesmo, oras. Para morrer enquanto os heróis escapam. O Sargento ainda deu uma olhadinha por cima do ombro enquanto corria. Deu para ouvir um grito pavoroso e ver, no meio daquele cri cri cri todo, o que lhe pareceu um crânio humano completamente descarnado.
Anoiteceu. O tenente estava apavorado. O sargento o encontrou agachado, tremendo e tapando a boca da pobre da Hã que nem falar sabia.
- Tenente! Tenente!
- Pshiu, sargento, eles podem ouvir.
- Tudo bem. Encontrei os outros homens. Pelo menos, os que sobraram.
- O que será que aconteceu com aqueles grilos, sargento?
- O mesmo que com as antas. São todos mutantes.
- E agora, o que a gente faz?
- Eu acho melhor acender umas fogueiras. Mutantes ou não, todo bicho tem medo de fogo.
Com seus facões, eles abriram uma pequena clareira no meio da plantação e acenderam algumas fogueiras. Deitaram-se no meio daquele círculo de fogo, ouvindo o cricrilar distante dos grilos. Ninguém conseguiu dormir.
- Tenente, sai pra lá!
- O que.. que... O quê? Eu, eu, eu não consigo dormir...
- Como não? O senhor estava dormindo no meu ombro!
- Como é que eu ia dormir numa situação dessas, cabo?
- Olha aqui ó, minha manga tá até meio molhadinha da baba!
- Hum... Deve ser orvalho.
- Tá, então tira essa perna de cima de vim e vira pro outro lado, tá?
- Tudo bem, tudo bem, também não precisa ficar nervoso, né?
E assim eles passaram aquela noite, que viria a ser a última noite daquela plantação. Mas isso eles ainda não sabiam.
Enquanto isso, na Sala de Justiça da KGB, o Comandante Batman e seus Hobins mercenários sanguinários preparam suas mochilas de viagem para irem ao encontro do Junco espião e navegar pelo rio Amazonas no encalço da navegação de MERDA.
- Crianças, não esqueçam a escova e a pasta de dentes.
- SIM SENHOR!
- Façam higiene bucal sempre após as refeições e antes de dormir. Não usem palito para não machucar a gengiva. Só fio dental para limpar entre os dentes. Lembrem-se! Dentes fortes...
- HÁLITO SAUDÁVEL. SIM SENHOR!
- Muito bem! Não esqueçam também de levar repelente, mosquiteiro, protetor solar e hidratante.
- SIM SENHOR!
- Muito cuidado com os mosquitos e não tomem sol entre dez e dezesseis horas. Não quero ver nenhum câncer de pele de vocês nas minhas costas, tampouco algum soldado com febre amarela, malária, tampouco...
- DENGUE e COCEIRA. ENTENDEMOS SIM SENHOR!
- Muito bem crianças. Façam direitinho o dever de casa e muito cuidado com as piranhas e com o candiru...
- CANDIRU? SIM SENHOR!
- Esqueceram meninos travessos? Candiru! Aquele peixinho curioso que entra nos orifícios desprotegidos do corpo quando estamos nadando sem cueca. Lembrem: Só sai com cirurgia...
- SIM SENHOR! SIM SENHOR! SIM SENHOR!
- Já ia me esquecendo. Limpem bem os ouvidos, lavem o rosto após acordar e façam xixi antes de dormir para não molhar a cama.
- SIM SENHOR!
- Ah! Não exagerem na pintura de camuflagem para não agredir a pele. Levem sabonete antibactericida para limpeza facial e um hidratante para aplicação posterior. Não quero ver nenhum soldado meu com envelhecimento precoce.
- SIM SENHOR!
- Levem anti-inflamatório, anti-depressivo, anti-concepcional, dipirona, paracetamol, vitaminaC, tetraciclina, chilocaina, vaselina e supositório contra hemorróidas. Pastilhas Walda também.
- SIM SENHOR!
- Mais alguma coisa?
- NÃO SENHOR!
- Ah sim! Já ia me esquecendo. Digitais raspadas com gilete para dificultar identificação dos corpos, fuzis AR-15 carregados, granadas destravadas, submetralhadoras em gatilho, pistolas armadas, facas afiadas e cápsulas de cianureto...
- Sim senhor!
- Já sabem! Esta missão não existe e não negociamos com terroristas. Se forem capturados mastiguem bem as cápsulas. Quem nunca experimentou acha que é amargo, mas isso é mentira! Foram fabricadas nos sabores uva, cereja, morango e framboesa. Algum sortudo pode estar com melancia, melão ou papaia-cassis...
- Sim senhor... ficamos honrados senhor...
- Quebrem as cápsulas na boca que será morte instantânea. Nenhum rato de laboratório sofreu mais de trinta minutos. Tempo suficiente para rezarem, arrependerem-se e serem conduzidos à vida eterna. Quem sabe até dar umazinha recíproca em despedida...
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